Sobre o nome deste blog
Tenho estado muito envolvida com essa coisa de blog ultimamente. Sempre gostei disso e fui uma das primeiras pessoas do meu grupinho de amigos a ter um blog, lá em 2001/2002 (se não me falha a memória), quando a gente ainda tinha que ficar lendo um pouco de códigos pra mudar uma simples cor do plano de fundo ou a fonte usada no texto.
Pois bem, passaram-se os anos, o tempo livre ficou cada vez mais escasso, as cobranças por melhorar como profissional cresceram: MBA, curso de inglês, outro MBA, espanhol, mestrado, francês, uns outros cursos aí meio aleatórios mas que a gente sempre acha que vai servir pra alguma coisa… Ufa! E aí quando a gente finalmente acha que vai ficar tranquilo, favorável, que agora vai ter tempo pra sair, pra ver os amigos, pra viajar e tal, vem a crise e te deixa desempregada. Mas sobre isso eu vou falar outra hora.
Esse texto é pra falar do nome desse blog. Sempre que escrevo algo (desde um bilhetinho no whatsapp ou até a minha dissertação de mestrado) escuto das pessoas: “nossa, como você escreve bem!”, “você devia fazer mais isso”, “sua redação é leve, a gente nem nota que tá lendo”. Mas a grande verdade é que eu tenho uma baita de uma insegurança. Um medo terrível de postar e ser criticada (eu sei, acontece com todo mundo). E rola um certo desconforto em ficar publicando minha vida assim, na internet, pra qualquer um ver.
Mas aí, desempregada e fazendo um curso online sobre WordPress (“Caraca, Lorenna! Você não para nunca?” “Não, por mais que as circunstâncias tentem me forçar, eu não paro, não!”) comecei a mexer nos blogs antigos. Eu tinha/tenho esse blog aqui, mas notei que o último post foi em 2014 – e isso foi porque eu já tinha ficado um longo período sem publicar nada. Aí pensei “ótimo! Vou reativar esse blog! Mas e esse nome?”.
Quem não pode se sacode… Lembro que tinha uma época que eu falava isso toda hora. E lembro também, que coloquei esse nome no blog numa época em que eu era estagiária de Comunicação em uma empresa de petróleo. Havia tido dois blogs antes, mas que tinham saído do ar por falta de manutenção e atualização – antigamente tinha isso.
Na época, escolhi esse nome porque eu queria ser jornalista “de verdade”. Escrever, fazer notícia, criticar peça de teatro, escrever as coisas do jeito que eu achava que tinham que ser. E era estagiária de Comunicação em uma empresa que tinha um contato super passivo com a mídia. Eu escrevia, sei lá, no máximo uns três releases por ano e, mesmo assim, sobre petróleo, negócios, venda etc. Chato.
Aí criei o blog, mas não tinha quase tempo. Óbvio. Agora eu tenho. E acho que esse nome não tem nada a ver. Pensando nessa coisa de desemprego, currículo etc, fiquei pensando em fazer algo super mirabolante pra chamar a atenção dos recrutadores e tal, totalmente fora da caixinha, um blog maluco e criativo pra mostrar a eles “olha só como eu sou legal, criativa e diferentona!” (tá na moda ser diferentona!) mas aí vem toda aquela questão de publicar na internet, compartilhar minha vida na rede etc. Pensei em colocar um nome bem prático, tipo “Lorenna Marketing” ou “Lorenna Comunicação”, que ajude o SEO na busca orgânica do Google. Aí veio o alerta: nossa! Que diferente! #sqn.
E aí comecei a juntar as peças, pensar na minha trajetória não só profissional, mas pessoal também. E comecei a ver que esse nome, apesar de ser um ditado popular português, tem tudo a ver com a minha vida. Desde criancinha.
Primeiro porque eu sempre gostei de tudo-ao-mesmo-tempo-agora e queria de tudo um pouco. Sempre gostei muito de dançar e sempre ouvi dos meus pais: “Dança é só até você entrar na faculdade. Depois, se vira”. Fui mexendo meus pauzinhos para conseguir um jeitinho de continuar a dançar mesmo depois da faculdade – e aí comecei a dar aulas de dança, assim podia continuar dançando de graça e ainda ganhava uns trocados.
Outro exemplo foi quando eu consegui meu primeiro estágio. Bom, quem me conhece sabe que eu estudei Jornalismo porque queria trabalhar com Jornalismo Cultural e ligar, de alguma maneira, a minha profissão com a arte. Chegou o temido 5º período e nada de estágio. Como tudo na minha vida, quando consigo alguma coisa, tudo sempre vem no plural. E aí a geminiana aqui tem que decidir. Não consegui um estágio, mas três. Na mesma semana. Um era pra trabalhar na editoria cultural de um jornal aqui de Niterói. O outro era pra trabalhar na Secretaria de Cultura daqui de Niterói. O outro era pra trabalhar na área de Comunicação de uma empresa de petróleo lá na Barra. Adivinha qual eu escolhi? Com Barra sendo logo ali… Não é óbvio?
E com o estágio na Barra, vieram muitos “sacodes” na minha vida. Eu não tinha carro e não era fácil ir de ônibus para a Barra. Não fiquei seis meses no estágio. O estágio virou emprego e eu fiquei nessa rotina durante cinco anos e meio da minha vida. Não tinha carro (sim, tô repetindo pra enfatizar). Se eu pudesse, teria ficado na secretaria de cultura de Niterói. Mas eu tinha que me sacudir. A bolsa-auxílio da Barra era melhor. Tinha vale-transporte e ticket de refeição! Veja só: filha única, né?
Ônibus (eram quatro na ida e três na volta). Chuva. Engarrafamento. Acidente. Ônibus quebrado dentro do túnel na linha amarela. Duas vezes. Natal. Cesta de Natal (daquelas bem pesadas). Ônibus. Aula de dança depois do trabalho. Mochila pesada com as roupas para a aula de dança depois do trabalho. Ônibus. Cheio. Cheio não. Lotado.
Mas na minha vida nunca deu muito tempo pra reclamar, não. Sempre, foi tudo muito na correria. “Corre, Lorenna. A van da escola chegou!”. “Mas não terminei de almoç…” “Engole!!!”. “Hoje eu tenho bal…” “Tá aqui a bolsa! Anda!”.
Aí eu sofri um sequestro relâmpago em Niterói numa noite/madrugada de terça-feira e cheguei umas 4h da manhã em casa. Tinha estágio no dia seguinte e é óbvio que eu fui. Na Barra, lembra? Afinal, era estágio. Ia dar mole?
Essa coisa do “se sacode” me remete a agito, a não parar, a não desanimar com os obstáculos que a vida impõe. Queria dançar? Vou virar professora pra dançar de graça. Não amava o estágio? Paciência, era o que tinha. Tinha ensaio com cajón e bata-de-cola lá na Tijuca no fim de semana? Vamos de ônibus mesmo (frescão, daqueles que o banco inclina pra trás. Aí a pessoa da frente SEMPRE deitava o banco todo. E você com um cajón no colo. Visualiza a falta de ar).
Às vezes vem alguém e fala “Nossa! Mas como você aguenta? Eu consegui um emprego na Barra, mas saí antes do período de experiência porque não aguentei”. “Ah, estou de saco cheio do meu trabalho, vontade de jogar tudo pro alto e fazer as coisas que eu gosto”. “Ah, preciso dormir oito horas por noite, não dá pra acordar às 5h, como você”.
Desculpa, mas eu tenho preguiça para comentários como esse. Não me ajudam e não me motivam em nada. Não acho que a minha vida seja exemplo pra ninguém. Como eu, tem milhares de pessoas no mundo que acordam às 5h da manhã pra trabalhar. Tem mais um monte de pessoas no mundo que acordam antes disso para engolir um monte de sapos no trabalho. Não é legal sempre. Mas ficar à toa, como estou agora, é muito pior. Garanto. Continuo sem ver meus amigos, continuo sem ir à praia (me dá peso na consciência) e continuo sem aproveitar meu tempo livre. Tem gente que diz que sou workaholic. Talvez seja mesmo. E talvez esteja sofrendo uma crise de abstinência enorme. Mas como disse no início desse texto: esse assunto é para outro post.
Enquanto isso vou continuar tentando me sacudir o máximo que puder. Não porque eu não possa. Acho que consegui conquistar alguns “quem pode, pode” na minha vida. Mas porque prefiro desse jeito: agito, correria, cinco horas de sono por noite. Talvez mude o nome do blog para “Quem pode, pode. Mas é sempre melhor sacudir!” 😉